quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Conversa de salão

Entre o trabalho e mais uma das comemorações de fim de ano, fui ao salão fazer as unhas que já gritavam por socorro. Uma mocinha simpática me atendeu. Branquinha e de olhos azuis e jeito de “quem não é daqui”. Nas primeiras palavras, o sotaque do sul se fez evidente.

É difícil ter assunto com manicures, porque ultimamente estou por fora das novelas, fofocas de artistas e últimas tendências da moda do cabelo. Com algumas, vez ou outra, rolam assuntos interessantes fora desse círculo.

Ontem foi um desses casos. A história era de amor. E eu adoro ouvir histórias de amor.

O sotaque já é uma introdução de quebra-gelo. Veio ao Rio porque namorava um menino do Rio. Casaram-se. Mas como se conheceram? Num site de internet “bagaceiro”, segundo sua própria definição.

Na cidade de onde veio, também trabalhava com beleza, mas em uma clínica de estética que era sua e de sua irmã. Ia andando para o trabalho... Levava dez minutos em uma calçada que era só dela.

Num dia de chuva, as clientes desmarcaram e ela decidiu se aventurar em um site. Naquele momento, ela ainda era Betânia e ele, Daniel. Conversaram, trocaram fotos e começou um contato intenso. Ele iria ao sul conhecê-la, mas, no fim das contas, se enrolou e acabou enviando a passagem para que ela fosse ao seu encontro.

Precavida, pediu todos os documentos do moço e um amigo delegado verificou que era uma pessoa sem passagens policiais. Depois desse encontro, vieram outros tantos durante dois anos, até que veio a proposta de casamento.

Ela mudou de cidade (estado e região) junto com a filha (não quis entrar em detalhes, mas o cara se da super bem com a filha de seis anos, que o chama de pai), deixou de ser dona para ser funcionária em um salão no centro da cidade, encara duas horas em trânsito para ir ao trabalho e mais duas horas para chegar a casa. Mas diz que ele é um achado. E que a vida é isso, tem que viver. E que se tivesse chance de viver de novo essa época da vida, faria tudo de novo.

Contou-me tudo isso enquanto fazia a minha unha, com o belo sotaque de Porto Alegre e um sorriso leve e inspirador.

Nenhum comentário:

Postar um comentário