terça-feira, 26 de maio de 2009

Mais de uma verdade que não pode ser banalizada

Há uns dois dias ouvi alguns tiros da minha casa. Hoje, indo ao trabalho, o ônibus em que eu estava bateu com um carro, já bem pertinho. Felizmente, a motorista reconheceu o erro e restou apenas resolver probleminhas burocráticos. Ninguém se feriu ou foi hostilizado. Que sorte! A batida aconteceu em frente a um carro de polícia que prontamente veio checar o incidente. Chegam os três policiais, com armas enormes nas mãos. Mas aquilo um mero detalhe, pois em nada influenciou o trabalho. As armas faziam parte do vestuário, como se fossem meros complementos do uniforme. Armas. Não sei dizer de que tipo, pois não tenho o menor conhecimento. Só sei que eram grandes, pretas e de fogo. Conversaram e se entenderam, e aquelas armas ali, penduradas. Chegando ao trabalho, mais carros de polícia. E mais policiais com aquelas coisas expostas apontadas para quem passasse.

Lembro-me da primeira vez que eu vi algo parecido com isso. Faz muitos anos. Um carro de polícia fazia uma ronda de madrugada pela cidade. Os policiais, com as armas para fora do carro, sem nenhuma razão aparente. Aquilo me chocou, perguntei-me a necessidade daquele show ao vivo e gratuito. E continuo buscando a resposta.

Pergunto-me ainda quantas pessoas ainda morrerão de bala perdida. Quantas terão as suas vidas marcadas por um segundo de horror. Quantas mães, pais, irmãos e amigos enterrarão pessoas queridas sem motivo. Quantos policiais inocentes ainda morrerão pelo simples fato de serem policiais. E quantos policiais mais se deixarão corromper. Pergunto-me quanto vale a vida, se morrer é de graça.

Penso em ir embora. Seria uma fuga talvez, pela própria segurança e bem estar. Mas contesto uma vez mais porque eu tenho que sair viver longe de onde eu gosto e das pessoas que eu amo. Por quê? O que foi que eu fiz para que a situação chegasse a esse ponto? Agora me pergunto o que foi que eu não fiz.

Pergunto-me até quando as pessoas chorarão em silêncio. Pergunto-me como querer ter filhos, se não podemos proteger nem a nós mesmos. Até quando esperaremos que a violência bata à nossa porta para que tomemos alguma atitude. Não encontro respostas, nem explicações.

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