quinta-feira, 30 de abril de 2009

Me da um doce?

Chegando ao terminal, na volta da pós, depois de reclamar um pouquinho – por que não? Reclamar, aliás, é um vício que venho tentando largar. Como todo vício, reclamar é bom, mas faz mal. Muito mal. Mas não ia falar disso.

Eis a cena que me chamou atenção: um menino aparentando no máximo seis anos, maltrapilho, olhar baixo e triste, pedindo ao ambulante um doce. O senhor de mais idade tentou resistir, resmungou que seria o último e entregou o doce ao menino.

Uma cena me veio à cabeça de imediato. Há nove anos, chegando ao hospital em que nasceria a minha irmã temporã, meu pai começou a contar que estava conversando com outro futuro-recém-pai preocupado com a chegada do novo filho. Era o segundo e sustentar um só já estava difícil.

Eu, que apenas começava a trabalhar, tinha um entendimento um tanto limitado em relação a dinheiro e custos de verdade. Ele me disse: Imagina como deve ser difícil para um pai ver um filho pedir um sorvete e não poder comprar?

Criança gosta de sorvete e de doces. Criança gosta de brincar, de pular, de rir e ver televisão. Às dez da noite, deve estar recolhida na segurança do lar e sob a proteção dos pais. No entanto, ali estava ele, descalço e sozinho, no terminal de ônibus suplicando ao ambulante o último doce do dia.

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